Não, se você está se perguntando, eu não vou falar de nada além de Harry Potter essa semana. O motivo é bem simples. Há muito tempo para comentar, nas próximas semanas, o desenrolar do novo filme da série do Cavaleiro das Trevas ou as novas peripécias europeias de Woody Allen. Mas não há mais tempo nenhum para falar do final de Harry Potter. A estreia já passou, e eu imagino que todo mundo já tenha visto o filme, chorado e sorrido com a jornada final dos personagens que, querendo ou não, acompanhamos por tanto tempo. Chega a dar orgulho por ter ficado com Harry até o fim, frase que virou jargão entre os fãs porque a autora J.K. Rowling a usou na dedicatória do último livro da série (“e para você, que ficou com Harry até o fim”). Mas, afinal, para quem deixou tudo para trás no meio do caminho, o que perdeu? Não custa nada contar para eles, em cinco motivos simples pelos quais valeram a pena ficar com Harry até o fim.
5º motivo – A evolução de Daniel Radcliffe
O mundo do cinema tem péssimas experiências com atores que passam pela adolescência diante das câmeras. Não é preciso nem citar os casos Macaulay Culkin e Haley Joel. Quando Daniel começou a se mostrar um pouco mais saidinho, cabelos longos e meio desconcentrado em Cálice de Fogo, parecia que o escolhido para ser Harry Potter iria seguir o mesmo caminho. Acontece que, um belo corte nas madeixas e a direção de David Yates renderam, surpreendentemente, a performance intensa em A Ordem da Fênix. Desde então, Daniel só melhorou. E Relíquias – Parte II é um filme (quase) todo seu, que ele carrega tranquilamente.
4º motivo – Afeiçoar-se aos coadjuvantes
Esse quarto motivo é mais comum entre quem acompanha a série literária, porque nela a galeria de incríveis personagens secundários de J.K. Rowling tem mais chance de brilhar, mas vamos nos acertar com o fato de que não é qualquer coadjuvante que faz uma plateia gritar com a frase de efeito “minha filha não, sua vadia!”. A Molly Weasley da excelente Julie Walters é só o começo. Saia perguntando por aí, e você vai achar gente que se indetifique com Remo Lupin, Rúbeo Hagrid, Sirius Black, Luna Lovegood, Neville Longbottom e até com uma parte do elenco de vilões, mais especialmente a bruxa má Bellatriz Lestrange, interpretada por Helena Bonham-Carter.
3º motivo – Severo Snape (e Alan Rickman)
Tudo bem, vamos ser sinceros: independente de preferências pessoais, o melhor personagem a sair da mente de J.K. Rowling se chama Severo Snape. Outro fato, ninguém que não acompanhou a jornada da série até o fim é capaz de entender por que. Não é só uma questão de saber das reais intenções do personagem. É acompanhá-lo desde o início e tomá-lo como um enigma dos momentos iniciais até os finais. E ainda bem, no final das contas, que Alan Rickman foi escalado para esse papel. Era o que exigia um ator mais competente, mais dramático e, ao mesmo tempo, de mais nuances. Ele faz esse trabalho com a primazia de um gigante.
2º motivo - (Re)aprender o valor do amor
“Não tenha pena dos mortos, Harry. Tenha pena dos vivos. E, especialmente, daqueles que vivem sem amor”. Assim, numa simples frase pincelada direto do livro, Steve Kloves depositou em quem deveria (o Dumbledore de Michael Ganbon) o peso de toda uma temática que, de uma forma ou de outra, propositalmente ou não, ficou meio perdida na transição livros-cinema. Em seu cerne, na filosofia de Dumbledore e na forma como conduziu a narrativa, J.K. Rowling nunca escondeu que Harry Potter é, essencialmente, sobre o poder do amor. E quem sou eu para discutir?
1º motivo – Poder chamar Hogwarts de “lar”
Você pode achar que é o mais clichê do mundo, mas eu não poderia ligar menos para o fato de uma centena de outras sagas e fenômenos terem feito isso com seus fãs. Para mim, quando eu abro um livro ou vejo um filme da série Harry Potter, é quase como se eu não fosse mais tirado do meu mundo para ir para outro. Faz parte do meu subconsciente, da minha memória, da minha imaginação, a ideia de Hogwarts, como foi criada, excitante e toda cheia de segredos, é a ideia de um lugar para onde é possível fugir e se recompor. Chame do que quiser. Eu chamo de lar.
“Nenhuma história vive até que alguém esteja disposto a ouví-la. As histórias que amamos mais vivem em nós para sempre. Então, não importa se você volte através das páginas ou da tela grande, Hogwarts vai estar sempre lá para lhe dizer ‘seja bem-vindo ao lar’”
(J.K. Rowling na Trafalagar Square, na premiere londrina de Relíquias – Parte II)
1 comentários:
por mim pode escrever sobre o Harry até o fim do ano que teria assunto.
Você e a grande maioria dos fãs cresceu com Harry e identificam-se com o crescimento do personagem. Eu o vi crescer ao mesmo tempo que meus proprios filhos.
Primeiro lendo para eles depois junto com eles.
Harry, Hermione e Rony viverão no meu coração para sempre como filhos distantes que ganharam o mundo, é difícil por em palavras tal sentimento.
Não é a toa que tenho uma gata chamada Mione e um gato chamado Harry.
Abraços, Caio.
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