Texto escrito, obviamente, no dia 24 de Abril.
Hoje é Páscoa. Na tradição católica, o dia em que Jesus Cristo renasceu dos mortos, três dias após a crucificação. Crenças particulares a parte, impossível negar que a fé católica continua forte mundo afora. A presença de incríveis 100 mil fiéis na Praça de São Pedro para a celebração do Papa Bento XVI, que encerrou oficialmente as celebrações da Semana Santa, é prova dessa força da Igreja romana em arrastar multidões com base na tradição ideológica que já conta 2011 anos de idade.
Hoje em dia, no entanto, a hegemonia é passado, e numa dessas ironias do destino, essa Páscoa marcou também a morte simbólica do líder religioso indiano Sthya Sai Baba, aos 84 anos, que desde os 13, quando se declarou a reencarnação de um antigo guru hindu, viveu uma vida que só é incontestável, mesmo, nas obras de caridade realizadas com as doações de seguidores do que muita gente achava ser puro charlatanismo. Pensando bem, o quão diferente da história da fé católica é a trajetória de Baba? Guardadas as devidas proporções a mesma mistura de incredulidade e fé que terminou em algum lugar bom para a humanidade.
Acreditar quase sempre vale a pena, como nos lembrou a morte de Norio Ohga, um ex-músico que mudou o mundo ao acreditar que a Nona Sinfonia de Beethoven (75 minutos justos) poderia caber, toda, em um único disco compacto. Em plena década de 1970, era algo tão absurdo quanto reencarnação ou ressurreição. O resultado da crença de Ohga é a Sony, criadora do CD e, hoje, a maior empresa de entretenimento do mundo.
Itália, Índia, Japão. E do lado de cá, acreditamos em quê? Ah, sim, no “voto de protesto” que não serve para nada a não ser para piorar a situação contra a qual se protesta. Nos EUA, agora acreditam em Donald Trump, disparando como possível candidato republicado as eleições de 2012. Ele é contra o controle de armas, contra o aborto, e defende que, por não ter nascido em solo americano, Barack Obama não poderia ter sido eleito a presidência.
Enfim, cada um com o guru que merece.
“Eu vi um relatório ontem. Há tanto petróleo, e no mundo inteiro, que eles não sabem para onde despachá-lo. E a Arábia Saudita diz, ‘Oh, há petróleo demais’. Eles – eles voltaram ontem! Você viu o relatório? Eles querem reduzir a produção de petróleo. Você acha que eles são nossos amigos? Eles não são nossos amigos”
(Donald Trump bota medo… em quem teme o retorno do “estilo George W. Bush” de política externa americana)
2 comentários:
Vai soar babão o comentário, mas é que não tinha te lido sobre um assunto assim. Deve ser um dos textos mais legais que vi por aqui :)
É o meu entusiasmo com política!
Eu fico espantado com a falta de interesse político que os estadunidenses apresentam. Pode notar. Além da baixa participação nas urnas, lá o voto é facultativo, eles elegem cada ser estranho... Há pouca consciência política, diria até que aqui há muito mais.
Bush se reelegeu no calor da emoção, Obama também. Não duvido que Trump consiga. Não duvido nada da terra do Tio Sam.
Lá tem corrupção como aqui, talvez até mais forte. A diferença é que lá a justiça funciona mais e não tem tantos buracos como a nossa.
O que nos mata é nosso "jeitinho brasileiro".
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