Entre os medalhões e as revelações que todo mundo passou a conhecer nos últimos meses, a parte de baixo do rol desses cinco primeiros meses do ano era esperada. O mesmo não acontece, acreditem em mim, com essa fatia de cima. Tudo bem, vocês já devem ter advinhado quem tomou o primeiro posto, mas e quanto a um ator britânico regravando clássicos do blues, um dos gêneros mais americanos por excelência? E quanto aos veteranos do assim chamado alt-rock que gravam uma obra atualíssima e muito consistente? Que tal experimentar a “cachinhos dourados” do pop rock americano, um gênero pelo qual, os leitores assíduos sabem, O Anagrama preza muito? Ah, sim, e há sempre a musa adolescente que cresceu e começa a aparecer como compositora. Sempre bom se surpressander, não é? Que venham mais sete meses cheios de surpresas por aí.
5ª posição – Goodbye Lullaby (Avril Lavigne)
Vai haver chiados pela presença tanto de Avril quanto desse disco em particular na lista. Mas a verdade é que o Goodbye Lullaby é a expressão mais autêntica da princesa do pop-punk, dando ao ouvinte um belo primeiro aperitivo da Avril compositora e produtora. Em duas faixas, ela faz todo o trabalho sozinha, e não é nem pouco por acaso que “4 Real” e “Goodbye” são a dupla de canções que soam mais alto emocionalmente para o ouvinte. Claro, há partes da Avril cria de produtor aqui, especialmente no início do álbum, recheado com as composições do mago pop Max Martin. De uma forma ou de outra, ela se mostra mais aqui, e o que dá para ver é bem interessante.
Os singles: What The Hell – Smile
Ouça também: Wish You Were Here - Everybody Hurts - 4 Real - Goodbye
4ª posição – The Way it Was (Parachute)
Eles são descritos como a “cachinhos dourados” do pop rock americano. A comparação é tosca. O Parachute é uma banda pop rock das boas, com o balanço urbano e o baixo funky do Maroon 5, boas letras para a média do gênero e experimentação rock como poucos conjuntos conseguem fazer hoje em dia. Esse segundo álbum de estúdio, além de um passo a frente musicalmente, se tornou também um sucesso maior do que seu antecessor, o que indica um pouco de bom gosto no ouvinte jovem contemporâneo. Porque, se for para falar sobre relacionamentos frustrados, que seja com a diversão nem um pouco culpada de bandas como o Parachute.
Os singles: Something to Believe In - Kiss Me Slowly - You and Me
Ouça também: White Dress - Halfway
3ª posição – Collapse Into Now (R.E.M.)
Experiência faz a diferença, não dá para negar. Especialmente se você é Michael Stipe, vocalista cuja voz grave e letras absurdamente poéticas são apenas algumas das qualidades do R.E.M. Na ativa há mais de duas décadas, os americanos são classificados como alternative rock, mas a bem da verdade criaram um gênero todo próprio ao longo da carreira. Ouvir um disco do R.E.M. é buscar reconhecer a linguagem e a expressão da banda e de Stipe, e isso se mostra tanto de maneira bruta, desnudada, na fúria poética de “Blue”, que fecha esse décimo quinto álbum, quanto na melancolia agridoce e complexa de “Oh My Heart” e '”Walk it Back”.
Os singles: Mine Smells Like Honey – Überlin - Oh My Heart
Ouça também: Every Day is Yours to Win - Walk it Back - Blue
2ª posição – Let Them Talk (Hugh Laurie)
Álbuns-solo de atores que se arriscam no território musical costumam ser uma tortura. Não que eles cantem mal, ou sejam mal-produzidos. Acontece que o ego fala mais alto, como era de esperar daqueles que são pagos para ficar em frente a uma câmera, no final das contas. Exemplo típico é Robert Downey Jr, uma voz incrível que realizou uma egotrip lamentável em The Futurist. Mas não estamos falando de qualquer um aqui: Hugh Laurie é tão bom ator quanto homem focado e músico de primeira, e o Let Them Talk é um álbum que reedita blues tradicionais com a elegância e a competência que só poderia vir de um britânico (seu sotaque ianque, aliás, é perfeito).
Os singles: You Don't Know My Mind - Guess I'm a Fool
Ouça também: After You've Gone - Baby Please Make a Change
1ª posição – Born This Way (Lady Gaga)
Sou suspeito para falar, mas também não vou dizer muito. Várias audições depois de ser lançado no dia 23 de Maio, ainda não é possível formar uma opinião de fato embasada e sólida sobre o Born This Way. O que já ficou claro é que Gaga não está brincando com o destino da própria carreira, e liberou um álbum recheado de criações incríveis, que só fazem confirmar a reputação de sua autora como a maior compositora pop do nosso século. A temática, a mensagem, o DNA musical e as infinitas influências que recaem sobre o álbum são matéria para muito mais do que uma notinha. E só essa complexidade já faz do Born This Way o melhor álbum do ano até agora.
Os singles: Born This Way – Judas - The Edge of Glory
Ouça também: Government Hooker – Hair - Bloody Mary - Yoü and I
“Sometimes I think my baby is too good to die/ Sometimes I think she could be buried alive/ Baby you don’t know, you don’t know my mind/ When you see me laughing, laughing just to keep from crying”
(Hugh Laurie em “You Don’t Know My Mind”)
“Follow me!/ Don’t be such a holy fool/ Follow me!/ I need something more from you/ It’s not about sex or champagne/ You holy fool”
(Lady Gaga em “Electric Chapel”)
3 comentários:
Desculpe o palavrão mas, PUTA QUE PARIU, ESSE É O POST QUE EU QUERIA LER!
Sensacional, ótimas dicas!
Goodbye Lullaby é uma boa surpresa. Nunca imaginei que a Avril faria um CD tão bom.
Let Go e Under My Skin eu nem falo, neles só Nobody's Home salva. Mas aí The Best Damn Thing foi um guilty pleasure. Como um CD podia ter músicas tão ruins e outras tão boas?
Com Goodbye Lullaby eu posso dizer, pela primeira vez, que gosto de um álbum da Avril.
Ah, e sobre Born This Way: Electric Chapel, Yoü and I e The Edge Of Glory é uma sequência perfeita.
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