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30 de abr. de 2013

Sexy e sofisticada como nunca, Neon Hitch investe no clipe de “Midnight Sun”

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por Caio Coletti
(@EcoCaio)

Tirado do EP em colaboração com o produtor Happy Perez (intiulado Happy Neon), o novo single “Midnight Sun” é o mais recente aperitivo de Neon Hitch no caminho para seu álbum de estreia, o Beg Borrow and Steal, em processo de gravação desde 2010 mas sem data definida para lançamento ainda. Se vai sair mesmo a gente não sabe, mas que música e vídeo de “Midnight Sun” mostram porque Neon é um talento a ser acompanhado, isso mostra.

Para começar, a voz da moça está mais cristalina e elástica do que nunca aqui. Além disso, a produção de Perez mostra que a moça não se limite ao synthpop cadenciado dos primeiros singles, nem à eletrônica descarada do já lendário "Fuck U Betta". “Midnight Sun”, assim como todo o EP, é um elegante exercício de R&B. O clipe com referências à Marilyn Monroe e fotografia brilhante é a cereja no topo do bolo.

Review: Bates Motel, 01x07 – The Man in Number 9

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por Caio Coletti
(@EcoCaio)

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

“The Man in Number 9” não é exatamente o episódio que se esperava de Bates Motel após o caos da última semana, no eficiente “The Truth”. Se há um grande problema nessa sétima entrada da temporada, esse problema está nas suas cenas iniciais: a resolução das pontas soltas do episódio anterior é feita tão apressadamente (e de forma tão, mas tão improvável) que só resta ao espectador esperar que toda a trama completa e a morte do Deputy Shelby volte para assombrar a fámília Bates em algum ponto da temporada. Mas mesmo se for um blefe, é um blefe pobremente jogado pelos criadores da série.

Além disso, o roteiro assinado pela co-criadora Kerry Ehrin (Parenthood) tenta forçar uma metáfora que não cai muito bem a série: ao mesmo tempo que precisa lidar com o desenlace de seu “relacionamento” com Bradley (Nicola Peltz ganhando pontos de atuação), Norman encontra um cachorro preso embaixo da casa dos Bates. As duas subtramas convergem num diálogo entre Norma e Norman que extrapola os limites da relação doentia mãe-e-filho, tornada interessante pela atuação infalível de Vera Farmiga, incansavelmente camp e detalhista. As queixas de Norman de que sempre quis ter um cachorro porque é o que é considerado “normal”, é o que “as pessoas fazem”, não colam, mas Norma conversando com o filho sobre Bradley mais do que compensa.

Afora isso, no entanto, Bates ainda é uma série promissora que, passando por um episódio de transferência como esse não deveria ser (mas acabou sendo), confia nos talentos mais do que excepcionais que contem para funcionar. Além de Farmiga, Highmore encontra seu momento para brilhar na cena em que Bradley lhe diz que não sente o mesmo que ele sente por ela. Olivia Cooke continua sendo uma preciosidade sensível na pele de Emma, e a participação de Jere Burns como o primeiro hóspede do motel aponta para uma direção interessante no escopo maior da série.

Diretor de seis dos sete episódios da série até agora, Tucker Gates, ex-colaborador de Lost, vem fazendo um excelente trabalho quando pode, guiando a fotografia com atenção para os detalhes e os atores na direção que seus personagens exigem. A gente só está esperando, mesmo, que Bates encontre a direção certa nas pequenas escolhas e detalhes que fazem toda a diferença entre a série que poderia ser e a série que é.

**** (3,5/5)

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Próximo Bates Motel: 01x08 – A Boy and His Dog

Little Boots está pronta para o novo álbum com o clipe de “Broken Record”

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por Caio Coletti
(@EcoCaio)

A britânica Victoria Hesketh, conhecida pelo pseudônimo Little Boots, sabe bem o que é deixar o público esperando. No próximo 6 de Maio sai o segundo álbum da moça, sucessor da obra-prima synthpop Hands, que data de 2009. Se fossem só os quatro anos separando um projeto do outro, tudo bem. Mas é desde Novembro de 2011 que a moça vem nos dando aperitivos do que vai ser seu segundo projeto de estúdio. "Shake" foi o primeiro a indicar uma abordagem mais disco para o som da cantora.

A sorte é que os lançamentos foram ficando cada vez melhores. Em Abril passado veio a ótima "Every Night I Say a Prayer", e em Junho a ainda melhor "Headphones". A produção do álbum, intitulado Nocturnes, no entanto, engatou só em Janeiro desse ano. No final de Fevereiro ficamos conhecendo "Motorway", faixa de abertura do álbum que indicava uma direção disco com toques de Moby e um clima mais sombrio, ditado pelo piano.

Agora é a vez de “Broken Record” ganhar clipe. Com o álbum a apenas seis dias de ser oficialmente lançado, Boots investiu em uma co-composição com Rick Nowels (Lana Del Rey, Dido, Colbie), com a pegada mais dançante e um refrão grudento e delicioso. O vídeo retrata a moça se apresentando em uma casa noturna. Confira a tracklist do Nocturnes:

1. Motorway (Boots, Jim Elliot)
2. Confusion (Boots, Jeppe Laursen)
3. Broken Record (Boots, Rick Nowels)
4. Shake (Boots, Ellis James)
5. Beat Beat (Boots, Pascal Gabriel)
6. Every Night I Say a Prayer (Boots, Andy Butler)
7. Crescendo (Boots, Elliot)
8. Strangers (Boots, Magnus Lidehall)
9. All of You (Boots, Butler)
10. Satellites (Boots, Ariel Rechtshaid)

Sincerely yours, The Breakfast Club: John Hughes e a trilogia jovem que marcou uma geração

john-hughesJohn Hughes (1950-2009)

por Caio Coletti
(@EcoCaio)

“Eu não penso nos jovens como uma forma inferior da espécie humana”. O dono dessa palavras é John Hughes, escritor, produtor e diretor americano que mais e melhor entendeu a juventude e a colocou em filme. E como ele o fez? Simplesmente tratando-os como iguais. Se há algo que une a lendária trilogia jovem que Hughes escreveu e dirigiu entre 1984 e 1986, esse algo é o tratamento dos dramas e dos dilemas de seus personagens com o respeito que eles merecem e deveriam sempre receber. Os problemas da garota cujo aniversário é esquecido, dos cinco desajustados que passam um sábado em detenção e do trio de amigos que está se despedindo da high school e resolve viver de verdade não são menores que os de quaisquer outros. Pelo contrário, dizem muito sobre a humanidade de todos nós.

sixteen-candlesGatinhas e Gatões (Sixteen Candles, 1984)

O primeiro dos filmes, como costuma ser, é o menos sofisticado deles. Mas isso não significa que se deva subestimá-lo. Comédia brilhante, história de Cinderela clássica e o filme que definiu todos os outros filmes de high school que vieram depois dele, Sixteen Candles ainda tem o mérito de nos mostrar uma visão sensível do ponto de vista da personagem de Molly Ringwald. A musa adolescente do diretor, que se tornou a estrela do momento à época, é Samatha Baker, que acorda em seu aniversário de 16 anos e, além de notar que nada mudou subtancialmente, ainda é esquecida pela família, que está envolvida nos preparativos para o casamento da irmã mais velha, Ginny (Blanche Baker, irritante e hilária exatamente nos momentos em que isso lhe é exigido).

Tudo aquilo que viria a ser clichê vinte anos depois, mas a época soava mais verdadeiro impossível, está aqui: o garoto perfeito que tem a namorada perfeita mas não está satisfeito, o nerd super-confiante que quer provar aos amigos que é um garanhão, a house party que estoura os limites e se tranforma em uma bagunça. A diferença é o tratamento que Hughes dispensa a cada uma dessas coisas: o garoto perfeito de Justin Henry (o menininho de Kramer Vs Kramer) está cansado da namorada porque, por baixo do manto de santa, ela é uma louca bêbada sem limites – e, ainda assim, a cena do término entre os dois (talvez em parte pela boa atuação de Haviland Morris) é madura e um tanto amarga; o nerd super-confiante é um garoto sensato com um bom coração, no fundo cansado de não ter nenhuma oportunidade, feito por um Anthony Michael Hall absurdamente carismático; e a cena da house party é carregada de um humor físico maravilhoso, provido especialmente pelo alucinado Long Duk Dong (Gedde Watanabe).

Como se não bastasse, o roteiro acha tempo para pintar um retrato extremamente bem pensado da relação de Sam com a família. A cena entre ela e o pai no sofá de casa é inescapavelmente tocante. Paul Dooley está excepcional. E no que talvez seja o quote mais bobo (e mais verdadeiro) de Hughes, deixamos Sixteen Candles por aqui:

“I know, it just hurts”
”That’s why they call them crushes”

The Breakfast ClubO Clube dos Cinco (The Breakfast Club, 1985)

The Breakfast Club é a obra prima da trilogia, e há pelo menos uma dezena de excelentes motivos para se dizer isso. Talvez o fundamental, no entanto, resida no fato de que esse é o filme em que Hughes permite que um grupo de cinco jovens completamente diferentes tome uma posição elevada em termos de moral em relação ao principal personagem adulto do filme, o Richard Vernon do brilhante Paul Gleason. O escritor/diretor não apenas afirma que esses jovens estão longe de serem “uma forma inferior da espécie humana”, como admite que talvez eles tenham uma visão muito mais clara e sincera do mundo do que aquela sombreada pelas experiências e ressentimentos que decorrem de um tempo de vida maior. Com sua carta final, um pedaço de texto para se guardar para sempre, o filme pretende lembrar, àqueles que são como o personagem de Gleason, o porquê era tão bom ser idealista como esses cinco jovens descobrem serem.

Judd Nelson, Emilio Estevez, Ally Sheedy, Molly Ringwald e Anthony Michael Hall (da esquerda para a direita na foto acima) entregam performances definidoras de suas carreiras. Ringwald, Sheedy e Hall principalmente, estourando seus estereótipos e entendendo o texto da mesma forma que ele foi feito para o espectador entendê-lo. Há uma longa cena de diálogo entre os cinco, perto do final, quando a maioria das máscaras já caiu, que é de uma honestidade absurda e, como tal, ressoa profundamente em cada um que o ouve e já passou pela mesma experiência. Esses cinco jovens estão apenas começando a sentir o peso e a pressão da vida sobre eles, é verdade, mas é extraordinária a coragem e a franqueza com que eles a encaram e a fazem menor em vista de tudo que (não) os define.

A clássica "Don't You (Forget About Me)" foi regravada recentemente em jazz por Ringwald, que após a fase Hughes engatou uma carreira oscilantemente bem sucedida, que passeia por cinema, TV, literatura e música. Anthony Hall quase explodiu a própria carreira com problemas de bebida, mas se reencontrou na televisão e em papéis menores no cinema. Emilio Estevez entremeou sucessos e fracassos, casou-se com Paula Abdul (e separou-se em 1994) e hoje escreve e dirige (um de seus últimos filmes foi o absurdamente estrelado Bobby, de 2006). Judd Nelson e Ally Sheedy não reencontraram o brilho oitentista, mas seguem atuando.

“Dear Mr. Vernon,

We accept the fact that we had to sacrifice a whole Saturday in detention for whatever it was we did wrong, but we think you’re crazy to make us write an essay teeling you who we think we are. You see us as you wanna see us. In the simplest terms with the most convenient definitions. But what we found out is that each one of us is a brain, and an athlete, and a basket case, a princess, and a criminal. Does that answer your question?

Sincerely yours,
the Breakfast Club”

MCDFEBU EC004Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller’s Day Off, 1986)

O queridinho do trio veio por último. Curtindo a Vida Adoidado já foi reduzido a apenas uma ode ao hedonismo e ao “viver o momento”, mas é muito mais do que isso. Hughes mira a agulha afiada do seu roteiro, aqui, direto no coração mais sombrio do homem (e não só do jovem): o medo. Nada mais alegórico para isso do que a contraposição de Ferris e Cameron. A hesitação desse último em embarcar com o amigo em um “dia de folga” de seu último ano na escola e, mais tarde, o “ataque de pânico” que toma conta do moço quando destrói o carro do pai são simbólicos: Curtindo a Vida Adoidado é, curiosamente para um filme que fecha uma trilogia sobre a juventude, sobre crescer. E perceber que isso tem a ver com responsabilidade, mas apenas sobre seus próprios atos e, principalmente, sobre seus próprios ideais.

Sendo um filme de John Hughes, a mensagem vem empacotada com piadas atemporais. O Ed Rooney de Jeffrey Jones e a trajetória da irmã de Ferris, Jeanie (Jennifer Grey, que se tornaria uma estrela no ano seguinte em Dirty Dancing), são bons exemplos – a cena de Jeanie sendo seduzida por um garoto na delegacia de polícia (ninguém menos que Charlie Sheen) é hilária. Não faltam também performances inesquecíveis: a começar por Matthew Broderick, que ainda é um ator subestimado, encarnando a energia e abraçando a falta de destino definido de toda uma geração em uma performance que tem seu momento máximo em uma das cenas mais deliciosas da história do cinema, a performance de “Twist N’ Shout”.

Alan Ruck, por sua vez, é o centro nervoso e emocional do filme. O ator, que contava 30 anos à época da produção do filme, interpreta o adolescente Cameron com a dose certa de faro cômico, naturalidade e maturidade necessária para entendê-lo. “Cameron Frye, this one is for you”, brada Ferris antes de começar “Twist N’ Shout”. Essa é para todos nós, nos assinala Hughes.

“I don’t know what I’m gonna do”
”College”
”Yeah, but to do what?”
”What are you interested in?”
”Nothing”
”Me neither”
”FERRIS, YOU’RE CRAZY”
”What do you think Ferris is gonna do?”
”He’s gonna be a fry cook in Venus!”

28 de abr. de 2013

Dido e os fantasmas dançarinos do clipe de “End of Night”

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por Caio Coletti
(@EcoCaio)

“End of Night” é o single mais eletrônico e dançante da carreira de Dido e, mesmo que isso não signifique que se trate de algo que cairia bem no repertório de Pitbull, dar crédito para a britânica é mais do que recomendado. Esse segundo lançamento do Girl Who Got Away ganhou clipe hoje (29) para acompanhar seu refrão contagiante sobre o final de um relacionamento e, implicado no “final da noite”, o alvorecer de um futuro melhor.

No vídeo, Dido anda por uma casa aparentemente mal-assombrada, parecendo se divertir com a produção sofisticada do clipe e emergindo etérea (e com visual urbano) em meio a fantasmas que dançam ao seu redor nos corredores e, perto do final, no jardim da casa. Um belo sucessor para o igualmente superproduzido "No Freedom".

27 de abr. de 2013

Review: Doctor Who, 07x11–Journey to the Centre of the TARDIS

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por Andreas Lieber
(Tumblr)

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Há uma regra mútua e implícita em Doctor Who que segue mais ou menos a linha de: “Don’t mess with the TARDIS and the TARDIS won’t mess with you.”. Ao mexer com a TARDIS, você mexe com o tempo, e ao mexer com o tempo… bem, todo mundo sabe que isso não dá muito certo. Em “Journey to the Centre of the TARDIS”, o décimo episódio da sétima temporada de Doctor Who, alguns espertinhos fazem exatamente isso. Vindo de um episódio altamente bem estruturado e brilhantemente escrito e digirido, a série essa semana nos entrega um roteiro sutilmente (ou não) emocional e cheio, mas muito cheio de referências.

Com a nova fase de Doctor Who, e eu digo desde 2005, a visão da série tem se voltado mais para o caráter do Doctor, e não tanto para a sua personalidade, já definida ao longo desses cinquenta anos. Com isso em vista, conhecemos mais sobre os obscuros recantos da mente do último Gallifreyan e, claro, essa análise não seria completa sem um estudo sobre a TARDIS. Em um episódio da temporada passada, escrito magnificamente por Neil Gaiman (American Gods), a TARDIS assume uma forma humana por um curto período de tempo e podemos explorar sua relação com o Doctor.

No episódio dessa semana, temos mais uma vez as camêras voltadas para a melhor nave espacial de todos os universos. Em uma tentativa de aproximar Clara e a TARDIS, o Doctor resolve desligar os escudos da nave afim de que sua companion consiga pilotá-la. No entanto, um grupo de “catadores de lixo valioso” que circula o espaço prende a TARDIS em seu campo magnético e causa um enorme breakdown na mesma. Com Clara presa do lado de dentro e sendo perseguida por bizarras criaturas de olhos vermelhos e pele queimada, o Doctor embarca para os confins de sua nave, com a ajuda da outra tripulação, para salvá-la.

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Doctor com a “árvore da vida” da TARDIS, seu mecanismo de construção absoluto

Ao andar pelos corredores infinitos da TARDIS, Clara se depara com a famosa piscina da nave (saudades, primeira aparição de Matt como Doctor!), passa por uma sala que, com certeza, matou todos os fãs: ela encontra o berço de Melody Pond, a TARDIS de brinquedo de Amy Pond, a lupa de Donna (aah, Donna!) e o guarda-chuva que a própria Clara usa em seu passado esquecido, no especial de Natal, escutamos as vozes do 9º Doctor, do 10º, da Rose, Donna, Martha, Amy, Rory, River! Vemos o Eye of Harmony, engolido por Rose em sua fase “Bad Wolf”… um mundo de referências em 44 minutos. Entrando mais fundo em seus milhares de quartos, Clara acaba em uma biblioteca e descobre o livro sobre a Time War, lendo em seu conteúdo o nome do Doctor. Sim, o nome do Doctor!

Em um episódio habilidosamente emocional, Clara e o Doctor formam uma ligação importantíssima para o desenvolvimento da história dessa companion, uma ligação de confiança e amizade, mesmo que com um “mad man in a blue box!”. Quando alguém da outra tripulação tenta roubar um dos componentes da TARDIS, ela se mostra vingativa e astuta, assim como o seu dono, mas revela seu lado gentil ao tentar proteger Clara. Mesmo sendo a primeira companion com um certo nível de impaciência com a nave, elas se entendem quando necessário.

Restabelecendo um fixed point in time que é capaz de salvá-los e que permite à TARDIS uma reconstrução no passado, ficamos com a lembraça do Heart of TARDIS em migalhas e a dúvida que ainda assombra o Doctor: “quem é Clara Oswin?”. Moffat disse que eles já se encontraram mais de três vezes e que a revelação de sua verdadeira natureza deixará todos de queixo caído até a próxima temporada. Veremos.

4,5/5(*****)

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Próximo Doctor Who: 01x11 – The Crimson Horror (04/05)

Review: Da Vinci’s Demons, 01x03 – The Prisoner

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por Caio Coletti
(@EcoCaio)

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

É difícil eleger o melhor aspecto de “The Prisoner”, esse excepcional terceiro episódio da até agora excelente Da Vinci’s Demons, mas se for possível fazer uma lista, um dos itens certamente sará Lara Pulver. Depois de desempenhar um papel pequeno nos dois primeiros episódios, a atriz britânica conhecida do grande público por uma participação de seis episódios em True Blood tem a chance de se mostrar uma das melhores intérpretes da série. Sua Clarice, esposa de Lorenzo de Medici, ganha contornos de uma mulher forte, prática e poderosa como as personagens femininas desse tipo de narrativa. E Pulver é um bom contraponto a também ótima atuação de Laura Haddock como a desorientada e frágil (ainda que manipuladora) Lucrezia Donati, amante de Lorenzo (e de Da Vinci).

Clarice confronta Lucrezia em “The Prisoner”, em uma das melhores cenas do episódio, na capela especial dos Medici. As intrigas palacianas por essa semana ficam na busca de Lorenzo pelo espião dentro de sua Corte, o que leva Lucrezia a armar um plano complexo para não ser exposta. No outro extremo da trama, uma onda de possessões demoníacas em um convento perto de Florença pede pela intervenção dos Medici, enquanto Da Vinci é levado a reboque por seu assistente Nico para tentar salvar uma das freiras, a modelo que vimos no primeiro episódio, interpretada pela lindíssima Hera Hilmar. O confronto entre Florença e Roma se acirra quando guardas de Roma, junto com um exorcista, chegam ao local para expulsar os demônios que Da Vinci está convencido de que não existem.

É preciso dizer que Tom Riley está ótimo aqui, se adaptando ao personagem cada vez melhore, e que a direção de Jamie Payne ajuda bastante. Um preferido recente da televisão britânica (ele dirigiu o episódio “Hide”, de Doctor Who), Payne sabe como conduzir uma trama de mistério, mesmo que os “casos da semana” de Da Vinci’s ainda incomodem um pouco a proogressão geral da história maior. A impressão que fica, as vezes, é que se trata apenas de uma conveniência da serialização, e não uma exigência da narração. O roteiro de David Goyer e Scott Gimple acerta em cheio, no entanto, na missão de fazer essa história ser interessante o bastante para não nos fazer perceber essa falha.

Quem continua roubando a cena, no entanto, é Blake Ritson, magnético a cada segundo em cena, mesmo tendo pouco a fazer como aqui. Seu Conde Riario é odioso e fascinante a um único tempo, como todos os grandes vilões costumam ser. A melhor parte, no entanto, é que ele é só a engrenagem mais azeitada de uma máquina que está funcionando a pleno vapor: Da Vinci’s Demons pode rapidamente se tornar a melhor série da temporada.

***** (4,5/5)

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Próximo Da Vinci’s Demons: 01x04 – The Magician (03/05)

Top 5: Preciosidades escondidas em álbuns de 2013 (edição #2)

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Não é a gente não gostasse do Paramore antes, mas precisamos ser sinceros e admitir que o último álbum do agora trio nos fez gostar um pouco mais deles. O auto-intitulado álbum, lançado no começo do mês, é o quarto da carreira da banda, e o primeiro sem os irmãos Farro, co-fundadores. A aclamação crítica e o primeiro #1 da banda na BIllboard confirmam que Paramore, o álbum, é mesmo uma bela alquimia pop rock.

E por isso é com eles que começamos nossa segunda edição de um top 5 que pretendemos tornar recorrente n’O Anagrama. Como todo álbum tem aquela pérola escondida que (ninguém entende porque) não se torna single, a gente resolveu listar para você aquelas que valem a pena garimpar nos álbuns de 2013. Sempre que a gente reunir cinco dessas, a gente posta aqui.

Edição #1

1ª posição – “Ain’t It Fun” (Paramore, Paramore)

Quando uma banda tem a presença de espírito de misturar guitarras, sintetizadores, vocal mezzo-soul mezzo-synthpop e corais gospel, o mundo precisa parar para ouvir. O Paramore saiu-se com uma das canções mais bem boladas e improváveis do ano com “Ain’t It Fun”, dona de letra profundamente irônica como só Hayley consegue escrever e cantar. O supracitado coral adiciona o fator contagiante enquanto a moça dos cabelos vermelhos mostra que é uma vocalista de soul melhor do que se poderia esperar.

Do mesmo álbum, atenção para: "Daydreaming", "Hate to See Your Heart Break"

2ª posição – “Can’t Stop” (OneRepublic, Native)

A elasticidade de gêneros do OneRepublic é quase proporcional ao talento de seu frontman, Ryan Tedder. Mas se no Native o moço se superou (sim, a gente também achava que isso era impossível), “Can’t Stop” está definitivamente no páreo para ser a melhor canção composta por Tedder. E ele é o responsável por “Halo”, gravada por Beyoncé, e “Bleeding Love”, que foi eternizada por Leona Lewis. A batida deliciosa e a produção com sintetizadores, guitarras distorcidas e pianos acompanha um refrão no qual a voz de Tedder atinge notas inéditas.

Do mesmo álbum, atenção para: "Counting Stars", "I Lived", "Something I Need", "Preacher"

3ª posição – “Set Me Free” (Charli XCX, True Romance)

A gente não sabe quanto a vocês, mas nós aqui d’O Anagrama já consideramos Charli XCX a nova primeira-dama do synthpop. “Set Me Free” é uma entre várias fábulas românticas em forma de canção do True Romance, álbum de estreia da moça, lançado no último dia 12. Mas é a que tem a melodia mais deliciosamente composta (“I can taste your lips on my lips/ Your kisses make me out of control”), com um pré-refrão de notas longas que Charli carrega no puro brilhantismo.

Do mesmo álbum, atenção para: "Black Roses"

4ª posição – “Now I’m All Messed Up” (Tegan and Sara, Heartthrob)

Na mudança de estilo drástica das irmãs Tegan e Sara Quinn, as batidas oitentistas e os sintetizadores convivem com pianos de acordes fundamentais e linhas melódicas que, se não de lembrar Cyndi Lauper, você pode se considerar pouco entendido de cultura pop. “Now I’m All Messed Up” tem o refrão mais forte do disco e a construção mais curiosa, com o teclado marcando os versos e a explosão do synthpop no refrão (e pós-refrão, o já eterno: “Go! Go! Go if you want! I can’t stop you!”).

Do mesmo álbum, atenção para: "I Couldn't Be Your Friend", "Love They Say"

5ª posição – “For Once” (Virginia Labuat, Night & Day)

Vencedora de um programa de talentos espanhol, Virginia Maestro juntou-se a banda Labuat e agora assina o nome do trio como seu sobrenome. Night & Day é o segundo álbum sob esse pseudônimo. Enquanto o primeiro, Dolce Hogar (2011) trazia um som pop rock e por vezes acústico – lembrando Meiko e outras artistas do naipe –, essa nova investida traz um clima  nostálgico da década de 50. “For Once” é uma delicinha country tradicional com corais e banjos.

Do mesmo álbum, atenção para: "I Wonder"

26 de abr. de 2013

Review: Hannibal, 01x04–Coquilles

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por Andreas Lieber
(Tumblr)

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Agora sim, o quarto episódio de Hannibal! Coquilles, do francês, é um prato feito com frutos do mar ou frango, servido dentro de uma concha de vieira (um molusco parecido com a ostra), acompanhado de molho. E ora, se o ex-quinto episódio, agora quarto, de Hannibal, “Coquilles”, não tem esse mesmo elemento surpresa por dentro! Após o websode, que explicou rapidamente as relações pessoais entre os personagens e nos apresentou Bella, a esposa de Jack, na trama um tanto quanto macabra dessa semana somos introduzidos um pouco mais a fundo na mente conturbada de Will e lembramos de como nossas ações afetam as pessoas ao nosso redor.

Em talvez um dos mais macabros e horríveis casos até agora, Will e Jack enfrentam um assassino que mata suas vítimas transformando-as em anjos: um grande corte nas costas é o princípio, e então elas são encontradas com a pele esticada e presas pra cima, formando asas. Ainda sustentando sua característica mais marcante, Hannibal nos lembra que, acima de tudo, ela é uma obra de arte. Cenas angustiantes dos corpos-anjos se tornam visualmente lindas e pitorescas, de um jeito grotesco mas interessante.

Mesmo com esse plot intrigante, “Coquilles” ainda é um episódio focado nos personagens da série. Aliada a descoberta da equipe de que o assassino havia perdido a razão após ter sido diagnosticado com um câncer terminal, descobrimos que Bella (Gina Torres, que, por acaso, é a esposa de Laurence Fishburne) também foi diagnosticada com um câncer de pulmão estágio quatro, o qual ela mantinha em segredo. Enquanto o caso da semana se auto-resolve, mergulhamos de cabeça nos problemas que Will enfrenta em decorrência dos casos, mesmo os após Hobbs. Como Beverly ressalta em um altura, ao perguntar se Will está bem: "None of us can possibly be okay doing what we do.”.

A forma como as trevas e os demônios do trabalho deles é retratada na série é mais um lembrete do porquê a escrita de Hannibal é uma das mais promissoras em tempos. Foi interessante, em especial, ver um Hannibal esforçado em afastar Will de Jack, e uma lembraça de que Will, apesar de tudo, ainda é uma alma compassiva.

Mais uma vez, palavras não descrevem a excelência da atuação do elenco, com uma nota especial para a conversa entre Jack e Bella ao final do episódio; apenas atores realmente casados na vida real conseguiriam aquele grau de intimidade, mesmo encenando uma conversa que todos desejam nunca ter. Hannibal chegou a um ponto em que seus personagens estão a mais de meio caminho andando com suas personalidades, mantendo em segredo apenas a de Hannibal, é claro, e terá que tomar um cuidado especial para não cair em “mesmices”. Já que o “assassinato da semana” serve apenas como um background macabro para a série, as cordas psicológicas de suas marionetes devem ser extremamente bem controladas. E ah, quem não teve uma crise de risos ao ver o Dr. Lecter dando umas fungadelas em Will, huh?

4/5(****)

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Próximo Hannibal: 01x05 – Sorbet (02/05)

Review: Person of Interest, 02x20 – In Extremis

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por Caio Coletti
(@EcoCaio)

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Kevin Chapman é um ótimo ator. E talvez sua performance como o Detetive Fusco em Person seja servida com o menor dos papéis quase em todas as oportunidades, mas em “In Extremis”, seu personagem está no centro do palco. Não é possível dizer que a fase menos brilhante que Person tem passado nas últimas semanas tenha sido completamente superada, mas esse 20º episódio da temporada, que antecipa os dois capítulos de fechamento da mesma, é uma evolução e tanto.

Para começar, apesar de alguns diálogos superficiais, Chapman é servido com um prato cheio, e se serve dele com brilhantismo. Na trama, Fusco vê os fantasmas de seu passado como um policial sujo virem a tona quando um dos ex-companheiros de HR, preso, resolve abrir o bico. O roteiro de Greg Plageman (5ª colaboração na série) e Tony Camerino (estreante) não acerta o ponto do personagem o tempo inteiro, principalmente ao lançar mão de flashbacks pouco úteis, mas Chapman mostra que essas duas temporadas fizeram de Fusco uma figura sólida o bastante para se sustentar em um episódio em que é protagonista. A atuação na cena do banheiro com Carter é digna de Emmy.

Ainda na trama de Fusco, a série encontra tempo para levantar uma questão no mínimo interessante: até quando a moralidade pode ser pura? Fazer a Detetive Carter da sempre ótima Taraji P. Henson duvidar dos próprios preceitos ao se confrontar com o fato de que seu parceiro já foi um policial sujo é uma sacada brilhante, e que o desenlace do roteiro sela com precisão (o último take de Henson é espetacular). Por suas vezes, Finch e Reese são movidos para segundo plano: o número da semana é o de um cirurgião renomeado que pode estar sendo envenenado por uma empresa farmacêutica após vazar para um investidor da bolsa de valores que os testes de um novo remédio falhariam (o que fez as ações da empresa cairem, é claro).

É interessante a forma como o roteiro enlaça essa trama com a de Fusco. Primeiro, porque Dennis Boutsikaris se mostra um guest star dos melhores até hoje na série, com uma interpretação sensível e marcante. Segundo, porque ambas as histórias são sobre homens que erraram muito em suas vidas e, quando confrontados com isso, se vêem diante da pergunta fundamental: o que eu fiz de mal me pune, ou o que eu fiz de bem me absolve? Person ainda não acabou com seu estoque de cartas na manga.

**** (4/5)

Próximo Person of Interest: 02x21 – Zero Day (02/05)

Hannibal e a confusão do 01(ex)04–Œuf (ou Ceuf)

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por Andreas Lieber
(Tumblr)

Essa semana teremos um pouco de dificuldade para entender o que o nome do episódio tem a ver com o mesmo. Sim, œuf, no francês, significa ovo, mas seguindo a decisão do produtor e criador da série, Bryan Fuller, a NBC retirou o quarto episódio de Hannibal da grade. Explicando sua decisão ao justificar que o país (Estados Unidos) ainda se encontra muito fragilizado com o atentado à Boston, não seria prudente colocar no ar um episódio que mostrasse crianças sofrendo lavagem cerebral e matando outras crianças.

“Œuf”, no entanto, virou um webepisode. Com o plot totalmente mutilado e reorganizado, seis vídeos foram publicados no site da NBC narrando apenas o “prato light” do episódio. Nessa narrativa temos as interações pessoais de Hannibal, Will, Abigail, Alana, Jack e sua esposa no que seria uma rendição perfeita de atuações para a série, se não fosse a certa falta de linearidade entre as cenas. Mesmo assim, porém, são 20 minutos importantes no crescimento pessoal dos personagens de Hannibal.

Ao sofrer tais alterações, o episódio recebeu o nome de “Ceuf”, que aparentemente não significa nada tanto em francês, quanto em inglês. Essa decisão parece ter sido tomada com certa antecedência, já que o preview do “próximo episódio” no final do terceito revela o plot de “Coquilles”, o quinto, que foi exibido nessa semana. O quarto episódio completo, no entanto, irá ao ar normalmente fora dos Estados Unidos (com exceção do Canadá) e sua primeira exibição está prevista para o dia 30 agora, no AXN Asia.

O Anagrama vai trazer um review completo do quarto episódio quando o mesmo estiver disponível e, mais tarde, o review do quinto, agora quarto, “Coquilles”. Enquanto isso, vocês podem baixar o episódio aqui, já que os vídeos no Youtube do canal não são disponíveis no Brasil.

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Tegan and Sara lança novo single, “I Was a Fool”

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por Andreas Lieber
(Tumblr)

A banda canadense de indie/folk/pop rock/synthpop (a classificação quadripartite é importante pra analisar o trabalho das moças nesses últimos dezoito anos!) Tegan and Sara, lançou nessa última terça, 23, o vídeo para seu novo single, “I Was a Fool”. A banda, que é encabeçada pelas gêmeas Tegan e Sara Quin, foi formada em 1995 e teve seu debut em 1999 com o álbum Under Feet Like Ours. No começo de 2013, a dupla lançou seu mais recente projeto, o Heartthrob. Famosas por suas letras melodiosas e bem assimiláveis de pós break-up, a banda ganhou reconhecimento ao longo desses anos e caminhou entre estilos diferentes em seus álbuns, como um indie pop bem marcado em So Jealous (2004), um indie folk/pop com The Con (2007) e ainda um indie rock mais acentuado com o Sainthood (2009).

Em seu último álbum, no entando, as moças fizeram mais uma revolução e apareceram com um som um pouco mais eletrônico, nos entregando uma pérola do synthpop/new wave. Com vocais mais maduros que muito se assemelham aos da eterna Cyndi Lauper (elas inclusive fizeram um cover de Time After Time), Tegan e Sara tiveram a capacidade de se reinventar musicalmente, mas ainda conservando suas raízes e características primordiais. O último single da banda, “I Was a Fool’, é uma deliciosa baladinha sobre os momentos finais de um relacionamento. O vídeo, que tem um nostálgico ar de 2004/2005, mostra as gêmeas cantando ao piano e ainda estrela uma Mae Whitman (The Perks of Being a Wallflower) de cabelo grande e super poderosa em momentos câmera lenta ao se libertar dos últimos resquícios do falido relacionamento.

25 de abr. de 2013

Review: The Americans, 01x12 – The Oath

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por Caio Coletti
(@EcoCaio)

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Que temporada excepcional The Americans esteve construindo durante essas últimas 12 semanas, e a que final espetacular essa trama está se dirigindo! Considerando que na próxima quarta-feira veremos o último episódio dessa primeira temporada da série, “The Oath” faz um trabalho brilhante em aumentar as expectativas e colocar todas as suas cartas em jogo, e ao mesmo tempo não perde o fio da meada daquilo que a fez ser excelente de verdade: a dimensão humana e a maquinação de personagens por vezes cruel e realista, que prova funcionar mesmo que fora do âmbito dos paralelos espionagem-casamento.

O tema que une as duas storylines principais do episódio dessa vez é a forma como, na mente humana, as palavras significam tanto que podem mudar o destino de uma relação ou de uma vida toda. A cena quebra-corações da semana acontece entre Phillip e Elizabeth, na saída do casamento dele com Martha (o moço a pediu em casamento para poder convencê-la a deixar uma escuta na sala do próprio chefe, o Agente Gaad, mas não dá para definir o quanto, a essa altura, Phillip realmente está envolvido por sua própria mentira): a personagem de Keri Russell se diz realmente comovida com a cerimônia, e pergunta-se se ele “acha que as coisas teriam sido diferentes se tivéssemos dito essas palavras”.

Russell, aliás, está em sua melhor forma aqui. Tanto nessa cena quanto no diálogo que tem com Paige na cozinha, dando conselhos à filha depois de ela ver Matthew, o filho do agente Beeman, interessado em outra garota. Sua Elizabeth, aqui, parece ter colocado todas as peças no lugar depois do desmoronamento nervoso do último episódio, e ainda tem os olhos blindados que eram sua característica. Mas há uma tristeza e uma gravidade em sua expressão, em sua linguagem corporal, que a faz trágica.

A outra sotyrline do episódio tem a Nina da ótima Annet Mahendru sendo introduzida por seu chefe, depois da promoção, a novos encargos, entre eles cuidar do Directorate S, do qual Phillip e Elizabeth fazem parte. Devido a importância das informações com as quais ela vai lidar, o chefe a obriga a declamar um juramento de fidelidade à pátria-mãe e, entre isso e suspeitar que Stan é o responsável pela morte de Vlad, a moça acaba confessando que é uma agente dupla, e pedindo para seu superior uma chance de se vingar daquele que a fez se tornar uma traidora. Enquanto isso, após a faxineira do episódio 2 (“The Clock”), em um acesso de culpa, confessar ao FBI o que foi obrigada a fazer, Stan está cada vez mais perto de descobrir que os vizinhos são agentes soviéticos.  Isso que é esquentar as coisas.

Ah, e claro, temos Margo Martindale jogando Pac-Man e se vestindo como a mãe de Clark/Phillip para o casamento. Por que Pac-Man? “I enjoy the maze part, and the eating-without-eating part. Pac-dots are calorie free”. E a atriz entrega essa fala como um monólogo de Shakespeare. I mean, o que mais se pode pedir de um episódio de TV?

***** (5/5)

Próximo The Americans: 01x13 – The Colonel (01/05) SEASON FINALE

Review: Parks and Recreation, 05x19 – Article Two/ 05x20 – Jerry’s Retirement

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por Sâmela Silva
(@onlyinception)

A onda de criatividade dos roteiristas de Parks realmente não se foi: quando você pensa que as leis malucas de Pawnee já se superaram, eles riem da sua cara e dão um jeito de extrapolar ainda mais as bizarrices da pequena cidade de Indiana.

Essa é a básica premissa de "Article Two", as estranhíssimas leis. O segundo artigo da Carta Magna de Pawnee diz que uma vez ao ano homens chamados Ted devem ser jogados no lago no "Dia da Festa do Ted", o que, compreensivelmente, não deixa os Teds felizes. E aí somos agraciados com os outros artigos malucos, sexistas e racistas dos primórdios da cidade, até que Leslie percebe que alguns deles precisam ser mudados. Ao ser impedida por um cidadão que cultua as leis do lugar, Leslie coloca seu espírito competitivo em ação para convencê-lo do melhor a se fazer. Porque, bem, ela é Leslie Knope.

Por outro lado, Ron tenta ajudar April a fugir de um curso de Chris, mas acaba se ferrando. Swanson tem se mostrado até que bem prestativo nesta última temporada, ajudando seus amigos como pode. Mas, neste caso, sua ajuda é justificada da forma que só Ron Swanson faria. Como não amar um personagem que trabalharia a noite toda para que nada seja feito? No meio do curso, Chris e Ron acabam por competir, usando o pobre Jerry como cobaia, tudo para descobrir que tal competição foi armada pela engenhosa April.

Mas Leslie está envolvida em outra sub-trama e na terceira competição no episódio, apesar de não estar diretamente participando dela. Ann e Ben se debatem (não de forma literal) para comprar um merecido presente para Knope em uma das várias datas que Leslie criou. Apesar de ser maravilhosa, Wyatt acaba reclamando do quão dedicada sua esposa é. E, falando em Wyatt, agora fica bem mais visível que desde sua entrada na série as referências à cultura pop tem sido frequentes. Só em "Article Two" Game of Thrones, Star Wars e a Marvel foram homenageadas, para a felicidade dos nerds de plantão.

E pela segunda vez na temporada, a NBC resolveu enganchar dois episódios na mesma noite. O segundo foi "Jerry's Retirement", que, como o nome diz, trata-se da aparente repentina aposentadoria de Jerry (que ninguém percebeu que estava chegando, mas deveria). Em pleno dia de folga de Leslie e Ben, incluindo Wyatt não usando um terno (!!!), e comemoração do primeiro ano de Knope como vereadora, a mulher acaba por tentar a todo o custo fazer algo legal para Jerry. Sempre bom quando trazem de volta o casal mais lindo da série de volta, porque eles sempre funcionam tão bem que devem dar inveja a outros casais fictícios. E Ben cita Fringe, então é tudo bonito.

Porém, o outro lado da aposentadoria do funcionário que nunca foi muito bom trouxe um dilema para os trabalhadores do Departamento: todo escritório precisa de um Jerry, e logo um deles se tornaria este. Com medo de que tal fama passasse para ele, Tom se enrola e o que mais temia se torna realidade. Apesar de todas as tentativas para parar as zoações de seus amigos, Havenford se vê sem opções e acaba confidenciando a Ron o motivo pelo qual aquilo o faz tão mal. Daí descobrimos um pouco do passado do personagem, que por vezes só serve para ser irritante.

Já Chris e Ann estão envolvidos em seu próprio e recorrente drama. Os dois percebem que não estão prontos para ter seu filho e, num ataque de pânico, acabam fazendo o que deviam da forma tradicional. Depois são obrigados a enfrentar a estranheza do momento, PORÉM, como eu mesma havia citado anteriormente, dão dicas de que se tornarão um casal em breve, pois estão fazendo as coisas funcionarem por enquanto.

Todavia, as perguntas que aqui fica são: o que será de Parks agora sem um de seus melhores alívios cômicos? É certo de que Jerry continuará indo ao Departamento uma vez por semana, mas será que o público verá estes dias ou fingirá que o coitado nunca existiu? E Leslie e Ben realmente começarão uma família? Aguardemos os próximos capítulos desta saga.

24 de abr. de 2013

Você precisa conhecer: Diana Vickers (Single novo! Ela voltou!)

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por Caio Coletti
(@EcoCaio)

Semifinalista do The X Factor britânico em 2008, Diana Vickers deu um jeito de fazer do seu segundo álbum, o sucessor do Songs from the Tainted Cherry Tree, mais uma daquelas lendas eternamente adiadas do mundo pop. Em processo de produção desde 2010, o projeto é intitulado Music to Make Boys Cry, e já provocou o rompimento de Diana com uma gravadora (a RCA) por “diferenças criativas”, etc. A novela toda.

Mas parece que dessa vez o bendito sai mesmo. A previsão é 09 de Setembro próximo mas, com três anos de adiamento no currículo, já dá pra ouvir bastante coisa do álbum. Para começar, é claro, pelo primeiro single promocional oficial da gravação. “Cinderella” tem uma sonoridade mais eletrônica do que o que estamos acostumados para Diana, mas a voz doce e a melodia etérea são as mesmas. Aquelas que a gente já amava e continua amando.

As outras duas faixas liberadas por Vickers já tem quase um ano e meio, quando o álbum ainda poderia sair pela RCA, e por isso é possível que, na versão final do Music to Make Boys Cry, elas apareçam com uma roupagem diferente. A faixa título tem uma sonoridade bem oitentista, com sintetizadores à-la Olivia Newton John e a voz de Diana funcionando cristalina nos versos. Como sempre, muito contagiante e doce.

“Kiss of a Bullet”, por sua vez, tem clima mais urbano e remete às influências R&B da cantora. Independente de o som não ser exatamente o que se esperava quando Diana afirmou, lá em 2010, que enveredaria por um caminho “mais indie” (e ter menos ainda a ver com começo da carreira da moça com "The Boy Who Murdered Love", por exemplo), o Music to Make Boys Cry ainda promete ser um dos melhores álbuns pop do ano.

O Grande Gatsby: Lana Del Rey, “Young and Beautiful” e mais sobre a trilha

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por Gabryel Previtale
(@gabryel55)

Um aviso pra quem dorme com as músicas da Lana Del Rey: está perdendo muita coisa. A grande produção (pelo menos parece) do filme O Grande Gatsby conta com uma trilha sonora pra lá de boa e entre elas o novo single da linda Lana Del Rey, que foi divulgado na íntegra recentemente (21 de abril) chamado “Young & Beautiful”.

Pra quem é fã da moça sempre deve ter imaginado como seria uma de suas canções como trilha, porque se tratando de filmes principalmente de época, elas combinam mais que bem. E não foi diferente no novo projeto de Lana, onde combina sua voz agora com notas mais altas e alongadas com um instrumental muito forte e presente na música. Para nossa extrema sorte, a Intercospe Records disponibilizou em seu perfil no soundcloud uma versão alternativa de “Young & Beautiful” que é no caso orquestral, e sim muito mais bela e dramática, essa é a faixa oficial até onde se sabe que vai ser divulgada no CD da trilha sonora do filme O Grande Gatsby.

A trilha já lançou outros singles, entre eles Florence and the Machine e Fergie. Produzido por Jay-Z, o CD com as músicas completas do longa de Baz Luhrmann será lançado no dia 6 de maio no Reino Unido. Entre os artistas convidados, estão Gotye, will.i.am e Beyoncé, que faz uma versão de “Back to Black”, de Amy Winehouse.

O Grande Gatsby é um remake da adaptação do clássico do escritor norte-americano F. Scott Fitzgerald (1896-1940) e será exibido pela primeira vez na abertura do 66ª edição do Festival de Cannes, em Maio. Além de Leonardo DiCaprio, que interpreta o magnata Jay Gatsby, o longa tem Tobey Maguire, Carey Mulligan, Joel Edgerton e Amitabh Bachchan no elenco.

Veja as faixas da trilha sonora de "O Grande Gatsby":
1. Jay-Z: "100$ Bill" (snippet)
2. Beyoncé and André 3000: Back to Black" (snippet)
3. will.i.am: "Bang Bang" (música completa)
4. Fergie, Q-Tip, and GoonRock: "A Little Party Never Killed Nobody (All We Got)"
5. Lana Del Rey: "Young and Beautiful"
6. Bryan Ferry With the Bryan Ferry Orchestra: "Love Is the Drug"
7. Florence and the Machine: "Over the Love" (música completa)
8. Coco O of Quadron: "Where The Wind Blows"
9. Emeli Sandé and the Bryan Ferry Orchestra: "Crazy in Love"
10. The xx: "Together"
11. Gotye: "Hearts a Mess" (música completa)
12. Jack White: "Love Is Blindness"
13. Nero: "Into the Past"
14. Sia: "Kill and Run"

23 de abr. de 2013

Jogando boliche com o Two Door Cinema Club no clipe de “Handshake”

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por Caio Coletti
(@EcoCaio)

Eles já fizeram uma viagem pelos sonhos ("Sleep Alone") e já brincaram de capa da invisibilidade ("Sun"), mas o Two Door Cinema Club não cansa de surpreender com os clipes do álbum Beacon, lançado em Agosto passado: “Handshake”, a nova produção do trio, inclui um jogo de boliche no qual as bolas são as cabeças dos integrantes da banda. A disputa entre um jogador popular e um mais humilde é deliciosa de se assistir.

“Handshake”, a canção, é o quarto single do Beacon. Além dos outros dois citados aí em cima, "Next Year" também ganhou clipe, esse com cenas da turnê dos moços. A energia da banda foi provada e aprovada pelo público brasileiro no último festival Lollapalooza, no qual o Two Door se apresentou logo antes dos escoceses do Franz Ferdinand e colocou o público para dançar.

Review: Bates Motel, 01x06 – The Truth

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por Caio Coletti
(@EcoCaio)

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Seis semanas desde o início da temporada, Bates Motel teve o cuidado e o bom gosto de não entregar o pote de ouro ao seu espectador logo no começo. É aqui que, além de qualquer projeção que o público possa ter feito, a série define o centro de sua premissa, o cerne de sua estrutura emocional e funcional: Bates é uma série sobre uma mulher que é levada a fazer coisas insanas para proteger o filho… de si mesmo. “The Truth” nos mostra isso explicitamente depois de seis semanas de quase sempre bem aproveitadas tensões e jogos psicologicos entre os personagens e com o espectador.

É incrível como essa série ganha o espírito do seu developer Carlton Cuse. A diferença do trabalho do moço aqui e do que ele desenvolveu em Lost é que, enquanto lá o equilíbrio entre tensão/suspense e revelações/respostas sempre pendeu bem mais para o primeiro lado, aqui o balanço é certeiro. Há de se admitir que Bates ainda sai perdendo para Lost no plano geral, mas isso é simplesmente porque atende mais as demandas do próprio público, que pede mais momentos grandiosos de choque e revelações do que sutis relações e equilíbrios entre os personagens. Enquanto a série souber fazer episódios como “The Truth” para comportar essas revelações, no entanto, não dá pra reclamar.

O novo episódio começa quase imediatamente de onde o ótimo “Ocean View” parou. Norma acaba de descobrir que o Deputy Shelby é na verdade parte de uma rede de prostituição de garotas asiáticas (ou algo do tipo), e convence Norman e Emma para deixar para procurar as autoridades no dia seguinte. Claro, o que ela quer é recuperar o cinto de Keith Summers, que ainda está na posse de Shelby, e ainda pode incriminá-la na morte do ex-proprietário do motel. É aí que entra Dylan, que, além de conseguir uma promoção no negócio do cartel de drogas por ter matado o assassino de seu ex-parceiro, resolve tomar o lugar de homem de ação da casa ao se comprometer a procurar o cinto e livrar Norma da culpa (o que, em última instância, consegue). A intenção dele, no entanto, é convencer Norman a deixar a casa da mãe e morar com ele.

Vemos pouco da Emma de Olivia Cooke aqui, o que é providencial em um episódio que não se daria bem com a interpretação essencialmente dramática da moça (que nós amamos, não nos entenda mal!). O centro do episódio está totalmente em Vera Farmiga, e ela mostra mais uma vez que, se seu nome for esquecido nas próximas indicações ao Emmy, uma injustiça gigantesca será perpetuada. A série deixa para o último momento possível a revelação que lhe dá o título, e embora ela não seja tão inesperada para os que estiveram prestando atenção nas últimas cinco semanas, o retrato que Farmiga faz de Norma trabalha afinadíssimo com a forma como a entendemos melhor depois de jogar essa luz nos eventos de antes e durante a série.

Sim, Norman matou o pai, e Freddie Higmore entrega mais uma de suas impressões sensacionais de Anthony Perkins na cena em que vemos isso acontecer (e também naquela em que ataca Shelby, na cozinha dos Bates). Aos 21 anos, o moço ainda é um dos atores mais promissores da atualidade. A grande questão que paira sobre Bates Motel agora é: já que sabemos que há algo errado com Norman – não que isso absolva Norma, aliás, apenas faz algumas de suas ações compreensíveis em um contexto –, o que a série guarda em longo prazo? Estávamos assistindo apenas um prólogo? Ou há mais jogos psicológicos vindo por aí?

**** (4/5)

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Próximo Bates Motel: 01x07 – The Man in Number 9

22 de abr. de 2013

Review: Glee, 04x18 – Shooting Star/04x19 – Sweet Dreams

Shooting Star

por Amanda Prates
(@donadoolores)

Ultimamente tem sido difícil dar um tratamento diferenciado às palavras direcionadas a Glee. É sempre a mesma ladainha: ou o episódio é uma decepção (ou algo próximo a isso) ou surpreende num aspecto e noutro pelos momentos nostálgicos do que a série já foi, por exemplo. Mas é preciso ressaltar, meu caro leitor, que eu me refiro aqui aos meus próprios textos sobre os episódios desta temporada, ou seja, ao meu tratamento para com a série – se bem que essa divisão de opiniões não tem sido diferente entre a crítica não especializada em geral. Em “Sadie Hawkins” (04x11), no primeiro review da série para este blog, essa que vos escreve começou sua crítica sobre a oscilação entre episódios bons e ruins pela qual Glee passava, e conduziu os argumentos com a mesma tese até o fim. Nessa trajetória de seis episódios e dois (ou três?) hiatus, não muita coisa mudou (e eu falei mais mal do que bem da série) até o 04x18 ir ao ar há duas semanas. Não que “Shooting Star” tenha sido um excelente episódio, mas foi o mais incomum.

Ponho-me no arriscado direito de afirmar que nunca antes se viu algo semelhante em Glee. Um episódio que mistura um tiroteio falso no colégio, choros e soluços em demasia que forçaram atuações anormais, a saída de Sue do McKinley High e uma tensão que quase não convence tem mesmo que causar estranhamento no telespectador (até naquele que não acompanha a série desde o início). A coisa toda já começou mais estranha do que a série costuma ser até chegar ao ápice da trama e revelar, talvez, uma das premissas mais sinceras de Glee que, mesmo clichê, soube trazer de volta sua essência, só que de forma bem inusitada, e sobre a qual discorrerei mais adiante. Comecemos esclarecendo as subtramas do episódio.

Tudo começa quando Brittany avisa aos membros do Clube Glee que um asteroide está prestes a atingir a Terra, logo, ela decide passar seus últimos momentos de vida ao lado de quem mais ama: o Lord Tubbington. Mas, adiante, ela descobre que o tal asteroide não passava de um inseto morto na lente do telescópio, que na verdade não era um telescópio de fato. Enquanto isso, Ryder, ainda mantendo um relacionamento virtual com a misteriosa Katie, decide conhecê-la para mais tarde descobrir que a moça (ou o moço) havia criado um perfil falso e ferir os sentimentos do rapaz. Já Shannon Beiste, aproveitando todo o sentimentalismo e redenção pela história do asteroide e, consequentemente, pelos supostos últimos momentos na Terra, decide abrir seu coração para Will. Este, por sua vez, diz que está tentando se entender com Emma, o que acaba ferindo os sentimentos da treinadora.

É aí que o imprevisto acontece: dois tiros são ouvidos no colégio e o pânico se instaura no McKinley High. Os membros do New Directions, Will e Shannon se escondem na sala do coral até notarem a ausência de dois deles: Brittany, que estava no banheiro e se escondia num dos boxes; e Tina, que havia se atrasado para a aula e, por sorte, estava do lado de fora quando toda a confusão começou. Foi aí que toda a premissa do episódio se desenrolou. Em meio ao desespero e ao medo da morte (ai, jura?), Artie, Jake, Sam, Ryder, Blaine, Marley e Kitty começam a registrar fatos que até então não haviam sido feitos ou ditos por meio de uma câmera de celular. Marley revelou que guardava composições a sete chaves, por sentir vergonha e Ryder admitiu seu amor e gratidão por seu pai. Aos olhos dos mais sentimentais, a tensão pode até ter extrapolado as telas e provocado algum sentimento, mas para mim, tudo não passou de atuações exageradas e muita lágrima falsa que, ao invés de emocionar, me deixaram com cara-de-pateta.

Por outro lado, Heather Morris mostra que, além de ser o alívio cômico da série, também possui talento suficiente para interpretar uma cena de grande peso dramático ao protagonizar os momentos angustiantes de Brittany sozinha no banheiro enquanto o pânico se fazia silencioso pelo McKinley. Ela nos entrega uma atuação tão desesperadamente angustiante e verdadeira – a ponto de nos fazer sentir parte daquela cena – até o momento em que Mr. Shue a resgata para a sala do coral, instantes antes de ser anunciado o fim do perigo. Mesmo quando os alunos respiram aliviados, a tensão não se desfaz e a identidade do possível atirador é a questão que fica dispersa no ar.

A resposta vem logo depois: Sue, por prevenção, guardava uma arma e, por descuido, deixou-a cair, fazendo dois tiros dispararem. A verdade é que Becky foi a responsável pela confusão, ao levar para dentro do colégio uma arma (como instrumento de defesa, de acordo com a mesma), mas para acobertar a moça, Sue decidiu assumir a culpa, o que resultou em sua expulsão. O fato de Becky ter levado uma arma para o colégio por inocente defesa gerou uma reação negativa por parte do público americano que acredita ser muito cedo para abordar tal assunto. Mas Glee não seria Glee se não cuspisse na cara da sociedade, fazendo-a racionar para esse problema tão palpável.

Outras subtramas perderam o foco, mas não deixaram de ser importantes ao episódio, como o caso de Ryder com a misteriosa Katie. O fato é que o moço finalmente descobriu que estava sendo enganado por alguém do próprio colégio. Blake Jenner tem se mostrado mais eficiente que muito ator da série (leia-se Jacob Artist) e é aqui que eu me redimo de ter posto em dúvida a utilidade do moço num dos reviews passados. O vencedor da segunda temporada do The Glee Project tem conseguido levar sinceridade a cenas que poderiam se tornar bobas (como o caso com a garota virtual). Quem não olhou para o rapaz com outros olhos no momento da performance final?

“Shooting Star” é tudo o que Glee não foi nessas três temporadas e meia, não por não ter conseguido antes, mas por ter sido exibido no momento certo, provocando (talvez) no telespectador todos os sentimentos que pouco se viu antes: medo, angústia, desespero. E, pra quê deixar de fazer ou falar algo quando podemos fazê-lo agora? Precisamos esperar que o medo do fim nos induza a revelar um segredo ou a confessar amor por alguém, por exemplo? Glee é sobre isso e mostrou que voltou a ser Glee.

“Your Song”, de Elton John, interpretada por Ryder (Blake Jenner); veja aqui;

“More Than Words”, do Extreme, interpretada por Sam (Chord Overstreet) e Brittany (Heather Morris); veja aqui.

**** (4/5)

Sweet Dreams   
“Sweet Dreams” foi um resumo de tudo de bom que Glee já foi. Essa já é a segunda vez consecutiva que Ryan Murphy faz com que nós acreditemos que Glee finalmente está voltando a ser Glee. Talvez seja a nostalgia que é de praxe em final de temporada, ou talvez tenha sido apenas mais um tiro certeiro dos roteiristas. O fato é que, se “Shooting Star” surpreendeu, “Sweet Dreams” emocionou e fez relembrar a melhor fase da série. Foi incrível como o elenco antigo e o novo souberam fazer da mensagem do episódio algo tão inspirador, nostálgico e novo, concomitantemente.

Simplicidade é a palavra mais do que adequada para definir este episódio. Nada de polêmica, reviravoltas de plots passados, nem do elenco completo. Tudo foi emocionante ao seu modo simples e bem feito. SONHOS foi o tema da semana e ninguém mais indicado para levar esse plot adiante e com maestria que Rachel. A moça, que, junto com o núcleo de Nova York não aparece desde o 04x17, voltou e fez a premissa ao modo Glee, com enfoque na audição para o musical Funny Girl. Mas, antes de voltar à moça, falemos sobre os fatos que marcaram o núcleo de Ohio.

Tudo começa com Finn finalmente na faculdade, um lugar (idealizado pelos roteiristas) onde a animação reina (só que não). Puck retorna à série com uma sensatez nunca antes vista. O moço alertou Finn para seu desinteresse com relação os assuntos da faculdade (mas foi ele mesmo quem levou Finn para o “mau-caminho”, que coisa controversa, não? Só Titia pra fazer algo do tipo.). O “ex-vilão” usou um discurso todo consciente para fazer Finn perceber que, para tornar seu sonho de ser professor em realidade, ele precisaria se esforçar e levar os estudos a sério. Finn parecia ter tão seguro de si nos últimos episódios, mas bastou esse plot para que ele se perdesse de novo (então, né!).

Enquanto isso no Clube Glee, Mr. Shue, com o ego tomando conta dele, comunicou aos membros o tema e as músicas escolhidas por ele para apresentação nas Regionais. A atitude do professor desagradou os alunos, é claro, principalmente Marley, que queria que uma de suas composições fizesse parte da lista. Logo, o professor não aprovou e até se mostrou agressivo quanto à posição de “enfrentamento” do grupo (ele, afinal, estava todo mordidinho por Finn não ter aceitado voltar a trabalhar com ele no coral).

Voltando ao núcleo de Nova York, Rachel se envolvia nas preparações para a audição do musical Funny Girl. Foi aí que Shelby apareceu para finalmente exercer seu papel de mãe e aconselhar a moça sobre suas escolhas, e claro, tinha que sair uma performance de arrepiar dessa conversa. “Next to Me” foi simples e emocionante, algo que só nossa queridinha sabe fazer. Em meio a conselhos e alertas, até o Finn serviu de conselheiro para Rachel e ela, como num surto, decidiu performar o hino “Don’t Stop Believin’” na audição. Eu prefiro me abster de comentários, afinal, foi muita emoção para apenas 3 minutos de cantoria e eu sou incapaz de transformá-la em frases.

Em Ohio, depois de ouvir a música composta por Marley, Will decide refazer o tracklist para as Regionais. “You Have More Friends Than You Know” foi uma das canções originais de Glee e, ao contrário das outras vezes, foi pensada e inserida no momento certo. “Outcast” também foi composta exclusivamente para a série, e fechou perfeitamente o episódio, como uma das performances grupais mais sinceras da temporada.

“Sweet Dreams” foi tudo o que Glee precisava voltar a ser nesta temporada. Um episódio sobre sonhos, futuro, incertezas e até crises de identidade. Tudo simples e na medida certa. Só faltam três episódios para o fim da temporada, mas a série já foi renovada para mais duas (comemoremos?).

“Next to Me”, de Emeli Sandé, interpretada por Shelby (Idina Menzel) e Rachel (Lea Michele); veja aqui;

“Fight For Your Right (To Party)”, de Beastie Boys, interpretada por Finn (Cory Monteith) e Puck (Mark Salling); veja aqui;

“You Have More Friends Than You Know”, composta por Mervyn Warren and Jeff Marx para a série, interpretada Marley (Melissa Benoist), Blaine (Darren Criss), Unique (Alex Newell) e Sam (Chord Overstreet); veja aqui;

“Don’t Stop Believin’”, do Journey, interpretada por Rachel (Lea Michele); veja aqui.

***** (4,5/5)

Sweet Dreams 2

Próximo Glee: 04x20 – Lights Out (25/04)

O sucesso e os segredos de Scandal

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por Rubens Rodrigues
(Twitter - Box de Séries)

A série criada por Shonda Rhimes é última grande surpresa das quintas-feiras na tevê americana. Scandal carrega a responsabilidade de segurar a audiência de Grey’s Anatomy, a primogênita de Shonda e um dos maiores sucessos do canal ABC, em um dos horários mais concorridos da semana.

Quem acompanha os altos e baixos da TV aberta na terra do tio Sam sabe que não é nada fácil segurar bons índices de audiência, e a produção conseguiu a proeza de manter o que lhe foi proposto.

Scandal explora os casos profissionais da gestora de crises e ex-assessora da Casa Branca Olivia Pope. Logo no episódio piloto, Olivia precisa lidar com um escândalo envolvendo o presidente americano com uma de suas estagiárias. O interessante aqui é que qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência. A protagonista foi inspirada em Judy Smith, que gerenciou o caso de Monica Lewinsky, na época envolvida em um escândalo com o presidente Bill Clinton.

O enredo se desenvolve exponencialmente quando o roteiro passa a explorar mais os dramas pessoais dos personagens, mostrando que ninguém é quem aparenta ser, e que todos, eu disse todos, escondem segredos.

Quem está acostumado com os dramas médicos de sua produtora e roteirista Shonda Rhimes pode até estranhar no começo, já que Scandal caminha pelos gêneros procedural e político para criar sua própria marca. Mas não demora e você estará fisgado pela rapidez com que as reviravoltas acontecem.

A primeira temporada foi redondinha e soube manter o interesse da audiência resolvendo seus mistérios rapidamente, o que podemos considerar o maior mérito da série. Já a temporada seguinte só mostra como a série tem um time de roteiristas competentes, conseguindo manter um nível criativo alucinante para desenvolver suas histórias sem perder o ritmo.

Para quem gosta de criar teorias, Scandal é um prato cheio. A série desafia o espectador a pensar fora da caixa para descobrir o que se esconde embaixo dos tapetes da Casa Branca enquanto Olivia Pope corre contra o tempo para resolver os escândalos protagonizados no Distrito de Colúmbia. Dinâmica, relevante, e por que não, elegante, Scandal é imperdível.

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21 de abr. de 2013

Review: Duas visões sobre a pioneira série do Netflix, House of Cards

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House of Cards: uma série inovadora no lançamento e na estrutura

por Caio Coletti
(TwitterTumblr)

ATENÇÃO: esses reviews contem spoilers!

A primeira série produzida pelo Netflix, serviço online de streams que vem ganhando cada vez mais adeptos entre cinéfilos e espectadores de televisão, House of Cards estava fadada a fazer história em seu formato desde a concepção. Tudo porque o site resolveu liberar todos os 13 episódios da primeira temporada do programa no dia 01 de Fevereiro, para os clientes do serviço poderem assistí-la cada um ao seu próprio ritmo. Tirando o fato de que a decisão mexeu com críticos de TV do mundo inteiro, que se viram quebrando a cabeça para pensar em uma forma de cobrir a série sem afastar o público (que estaria em alturas diferentes da temporada), House of Cards provou que o formato pode funcionar muito bem para o Netflix.

Insatisfeito com destruir o próprio conceito de “temporada de televisão”, House of Cards mostra ousadia na hora de lidar com a estrutura narrativa do formato. Essa não é uma série com o tipo de sotrylines que você poderia esperar. Com poucas exceções ao longo da temporada, não é uma série que tem episódios mirando o desenvolvimento de uma trama geral mas com temas isolados em si mesmos. Mesmo que seja apenas levemente inspirada pela novela de Michael Dobbs, já adaptada para a televisão britânica em 1993, House of Cards parece muito mais estuturado literária do que televisivamente. E isso significa storylines que se estendem por episódios antes de mostrarem qual é sua função no grand design da trama, pequenas pistas logo no início da série que vão reaparecendo na fase final e, especialmente, um desenvolvimento de personagens diverso do da TV.

Quando embarcamos em uma série, mesmo em um drama, em pouco tempo podemos saber quem são os personagens que estão a nossa frente. Talvez com o passar dos episódios acabemos por conhecê-los melhor, mas suas motivações estão claras quase sempre desde o início. Pra citar exemplos atuais: Rachel Berry coloca acima de tudo seu plano de ser uma estrela da Broadway em Glee, Tessa Altman tenta se adaptar mas sempre acaba entrando em conflito com o modo de vida fútil de Chatswin em Suburgatory, Mr Reese e Mr Finch pretendem redimir seus passados salvando pessoas em Person of Interest. Em House of Cards, nós sabemos o que o Frank Underwood de Kevin Spacey quer, porque ele mesmo nos diz (em um recurso de quebra de quarta parede que é um deleite com Spacey em cena), mas ainda precisamos descobrir até onde ele pode ir, e de que forma ele pretende proceder, para chegar lá.

A mesma prerrogativa se aplica aos coadjuvantes. Zoe Barnes (Kate Mara) parece uma repórter desesperada por uma história quando começa a receber informação de Underwood, ocasionalmente sendo valiosa para o prosseguimento de seu plano para se infiltrar e/ou derrubar a administração presidencial que quebrou a promessa de nomeá-lo Secretário de Estado, mesmo que ele tenha sido fundamental para a eleição do candidato. Com o tempo, a série mostra que há mais do que isso nela: há ali uma jornalista cujos valores são subvertidos muito cedo e muito radicalmente, e no final da temporada estamos assistindo a Mara interpretar uma versão totalmente diferente de Barnes. Não são muitas séries que podem arriscar jogar com arcos de transformação, e não arcos de revelação. House of Cards vira o clichê de ponta cabeça ao fazê-lo.

A série ganha tantos pontos por fazer isso tudo funcionar, a longo prazo, que o que mais vier é lucro. E há muito para se contabilizar nesse campo. A direção fica por conta de David Fincher (episódio 1 e 2), James Foley (3, 4, 9), Joel Schumacher (5, 6), Charles McDougall (7,8), Carl Franklin (10, 11) e Allen Coulter (12, 13). Todos com currículo respeitável, sendo McDougall o único que não tem histórico notável no cinema – e ainda assim faz um excelente trabalho no sétimo capítulo, um dos mais incisivos quanto a personalidade de Underwood. Schumacher faz um trabalho tradicional, o que não combina muito com o pré-estabelecido por Fincher, mas arranca alguns bons momentos de thriller político by-the-book. As espertezas visuais de House of Cards são parte do prato de inovações da série.

O elenco, por fim, faz um trabalho sólido. Spacey é absolutamente magnético como Underwood, ao mesmo tempo que não esconde ao espectador o fato de que não se trata de um personagem escrito para ser agradável. Ao curso de House of Cards, Underwood manipula colegas políticos, a amante jornalista e a própria esposa. Em um ápice, é responsável por um homicício. Spacey é implacável quando se dirige a audiência, e emerge no papel com seu sotaque sulino e sua figura tornada impressionantemente imponente. Robin Wright é agraciada com a storyline menos atrativa das três principais da série, mas ainda assim é capaz de trazer a mistura certa de instrospecção e perturbação para Claire Underwood. Sem contar, é claro, uma boa dose de classe. Mara, por fim, lida com o arco de mudança de sua personagem brilhantemente. Sua Zoe é um cuidadoso equilíbrio de iegnuidade e ambição. E prende a atenção sempre que está em tela.

Talvez seja mais adequado chamar House of Cards de “long-form narrative”, como alguns críticos tem preferido, uma vez que ela quebra tantos tabus televisivos. O que importa é, com seu final em cliffhanger e sua curiosa forma de nos envolver na história, essa série emerge de suas 13 horas triunfante.

***** (4,5/5)

O ás na manga do Netflix

por Rubens Rodrigues
(Twitter - Box de Séries)

Uma série produzida por David Fincher e disputada pela maioria dos canais a cabo deve ser mesmo imperdível, certo? House of Cards causa essa impressão no primeiro momento, e à medida que somos apresentados aos planos do cínico Francis Underwood fica claro que o Netflix sabe o que está fazendo.

Kevin Spacey está soberbo como o implacável congressista Underwood que, obcecado pelo poder, arquiteta uma série de planos para se vingar daqueles que atrapalharam seus objetivos. Aqui não temos um herói querendo fazer justiça como os vingadores de Arrow ou Revenge, por exemplo. O personagem de Spacey é exatamente o contrário, aquele com quem você não iria querer cruzar o caminho.

Apesar do contexto político muito bem explorado, a cereja desse bolo é o relacionamento de Francis com Claire, sua esposa que na trama é interpretada de forma brilhante por Robin Wright. O casamento mais parece uma obscura aliança profissional, o que fica ainda mais claro quando observamos o clima sombrio que a fotografia estabelece nas cenas “íntimas” do casal, diga-se de passagem.

O time de atores coadjuvantes também foi bem escolhido. Principalmente Kate Mara e Corey Stoll, que se destacam quando contracenam com o protagonista e ajudam a elevar o nível do programa.

Talvez o que falte em House of Cards para conquistar ainda mais público seja um personagem carismático, aquele por quem você torce para que termine bem no final de tudo. Ou talvez eu esteja falando bobagem e isso não se faça necessário no show, já que aqui ninguém é bonzinho o suficiente.

A verdade é que o cinismo de Underwood e a narrativa que envolve esse castelo de cartas que é o jogo político americano me conquistaram rapidamente, e felizmente, já foi renovada para uma segunda temporada. Eu não sei o que Francis pretende no próximo ano da série, mas estou decidido a descobrir.

**** (4/5)

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Uma segunda temporada de House of Cards já foi confirmada, e começa a ser filmada no próximo mês de Maio!